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Cinco mulheres são assassinadas a cada 100 mil por violência de gênero no Ceará

As mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero acontecem apenas pelo fato de serem do sexo feminino


A cada 100 mil mulheres no Ceará, aproximadamente 5 são assassinadas no Estado em crimes decorrentes, principalmente, de conflitos de gênero. Ou seja, a mulher é assassinada por ser do sexo feminino. A taxa de 5,26 feminicídios é resultado do balanço de mortes registradas entre 2009 e 2011, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira (25).

Magnólia Barbosa acredita que faltam mais políticas públicas de combate ao problema FOTO: ARQUIVO

A persistência de uma cultura em que coloca a mulher num plano abaixo da posição masculina reflete nessas altas taxas de homicídio registradas no Ceará e em todo o País, segundo a coordenadora do Núcleo de Gênero Pró-Mulher, do Ministério Público do Estado do Ceará, Maria Magnólia Barbosa da Silva.

Apesar da taxa no Ceará não estar entre as mais elevadas, a procuradora considera que os casos de feminicídio ainda são muito altos. "Ainda enfrentamos o problema por uma questão de cultura. Se sou mulher, fui acostumada, quando criança, a brincar com comidinha. Já o homem, a brincadeira é com carrinho. E assim, a mulher vai sempre sendo colocada num papel menor dentro da sociedade", acredita.

A coordenadora revelou que um balanço feito pelo Núcleo já registrou, no Ceará, 148 homicídios de mulheres somente até julho. Ela avalia que ainda falta mais empenho na busca de políticas públicas para combater o problema.

"É preciso fazer mais campanha. Os processos da Lei Maria da Penha também precisam ser julgados com mais rapidez. As mulheres precisam receber um melhor atendimento nas delegacias. Enfim, precisa haver mais empenho", pontuou Magnólia da Silva

Nordeste tem a maior taxa

No levantamento do Ipea, a Região Nordeste apresentou a taxa mais elevada do País, com 6,90 óbitos por 100 mil mulheres. o Instituto, no entanto, alerta que deficiências na cobertura e qualidade do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, podem explicar o fato de a taxa no Ceará ser inferior aos demais estados nordestinos.

De acordo com Ipea, os crimes são geralmente praticados por homens e decorrem de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação, violência sexual, ou situações nas quais a mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem.

"Essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens, causando perdas inestimáveis, além de consequências potencialmente adversas para as crianças, para as famílias e para a sociedade", destaca o estudo.

No Brasil, a taxa de feminicídios foi 5,82 óbitos e as mulheres jovens foram as principais vítimas. Os estado com maiores taxas foram: Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08), Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81).

Lei Maria da Penha não teve impacto

O Ipea aponta que os dados revelam a necessidade de reforço às ações previstas na Lei Maria da Penha, bem como a adoção de outras medidas voltadas ao enfrentamento à violência contra a mulher, à efetiva proteção das vítimas e à redução das desigualdades de gênero no Brasil.

O Instituto avaliou que não houve impacto da Lei Maria da Penha sobre a mortalidade de mulheres por agressões, comparando-se os períodos antes e depois da vigência da Lei. As taxas de mortalidade por 100 mil mulheres foram 5,28 no período 2001-2006 (antes) e 5,22 em 2007-2011 (depois).


FONTE: Diário do Nordeste

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