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A 40 dias da Copa, torcedor morre atingido por privada arremessada de estádio no Recife

Um torcedor do Sport Club do Recife que estava na torcida do Paraná morreu ao ser atingido por um dos dois vasos sanitários arremessados do alto do estádio do Arruda, no Recife, após o jogo entre Santa Cruz e o clube paranaense, na noite desta sexta-feira (2).

Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26, saía do estádio com a torcida do Paraná, quando foi atingido. Outras três pessoas foram atingidas por estilhaços dos vasos e foram levadas para unidades de saúde do Estado. Segundo a Secretaria de Saúde, nenhuma corre risco de morrer.


Válida pela Série B do Campeonato Brasileiro, a partida terminou 1 a 1.

Câmeras da Secretaria de Defesa Social flagraram o momento em que as privadas foram arremessadas, mas não mostram quem as atirou da arquibancada. A polícia ainda não tem suspeitos. Se identificados, os culpados deverão ser indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

As privadas foram arrancadas de um dos banheiros do estádio, de acordo com a Secretaria de Defesa Social.


O secretário da pasta, Alessandro Carvalho, responsabilizou o Santa Cruz pela morte do torcedor. Segundo Carvalho, o clube não tem as câmeras internas exigidas pelo Estatuto do Torcedor e deveria ter garantido segurança privada no interior do estádio.

"O que deixou de ser feito não foi por parte do Estado, foi por parte do Santa Cruz. Houve uma falha? Houve. E eu atribuo ao clube. O clube é responsável pelo que acontece dentro da área dele", afirmou Carvalho neste sábado (3). "Fazer vistoria para saber se ficou algum torcedor [no banheiro], não existe", afirmou.

Questionado sobre a responsabilidade de exigir do clube as câmeras, o secretário indicou a Federação Pernambucana de Futebol e a CBF.

O presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, foi procurado pela Folha no final da manhã deste sábado (3), mas não foi encontrado.

Uma câmera instalada pela Secretaria da Defesa Social na rua das Moças, nos fundos do estádio, mostrou a correria no local.

SEGURANÇA

De acordo com o governo de Pernambuco, havia 8.029 torcedores e 228 policiais militares dentro e fora do estádio. A Secretaria de Defesa Social disse que esse efetivo se justifica porque o evento é considerado como de "menor potencial de problemas".

"Quem tem que fazer a segurança patrimonial não é a Polícia Militar de Pernambuco, é o clube que está organizando o jogo. O policiamento foi proporcional [à dimensão do jogo]", afirmou Carvalho.

Segundo o governo, o jogo terminou às 22h50 e a torcida do Santa Cruz foi liberada primeiro. A torcida do Paraná, junto com torcedores do Sport –cerca de 50 pessoas, de acordo com o secretário–, saiu escoltada do estádio às 23h10.

Houve um rápido princípio de confusão com torcedores do Santa Cruz que moram no entorno do estádio, de acordo com a Polícia Militar. Os vasos foram arremessados justamente quando os torcedores do time visitante passavam pela Rua das Moças.

Brigas entre torcidas organizadas são comuns após jogos em Pernambuco. Em março, torcedores do Santa Cruz arrancaram privadas da Ilha do Retiro, sede do Sport. Também há registro de depredação e arrastões. Na semana passada, torcedores do Santa Cruz invadiram o clube e hostilizaram jogadores.

Desde abril deste ano, as torcidas organizadas foram proibidas pela Justiça de Pernambuco de entrar em estádios no Estado.

Daniel Carvalho
Folha de S. Paulo
Editado por Folha Política

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